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Foto: Arquivo pessoal |
Imagina você ir em seu banco tentar sacar um dinheiro de um direito seu junto ao Governo Federal descobrir nesse momento que você tem vínculos empregatícios com clubes de futebol que jamais defendeu? Foi isso que aconteceu com Iranaldo, mais conhecido no mundo da bola como Naldo Mataraca, ex-jogador de futebol. O caso agora vai ser investigado pela Polícia Civil da Paraíba.
Iranaldo do Nascimento Silva é natural de Canguaretama, no Rio Grande do Norte, cidade que faz divisa com Mataraca, município que fica no Litoral Norte da Paraíba, onde mora, e foi jogador de futebol. Fez categorias de base no Náutico e no Sport, ambos de Pernambuco, e como profissional atuou em clubes pernambucanos e paraibanos.
Encerrou a carreira na Desportiva Guarabira em 2015, e de 2017 até o momento é funcionário público da Prefeitura de Mataraca, onde mora, tendo atuado em diferentes cargos, como coordenador de secretaria, vigilante e, atualmente, monitor de transporte escolar.
Em abril de 2024, o ex-jogador registrou um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil em que descobriu, com a ajuda de um funcionário da Prefeitura, que fez uma consulta na Relação Anual de Informações Sociais (Rais), que seu CPF registrava vínculos empregatícios com clubes em que jamais defendeu, em grande parte deles após a sua aposentadoria dos gramados.
Naldo Mataraca foi fazer a consulta junto ao RH da Prefeitura de Mataraca porque ele quis sacar o Abono Salarial. O ex-atleta foi em seu banco e lá foi informado que o registro da seu vínculo com a Prefeitura não estava registrado. Em contato com o RH, descobriu vínculos empregatícios com Ypiranga-PE, Coruripe-AL, Picos-PI, Retrô-PE e Lagarto-SE.
Naldo Mataraca recebeu cerca de um salário mínimo em todos o período em que foi funcionário da Prefeitura Municipal de Mataraca. Além de jogador, também foi empregado doméstico. Vive uma vida simples na cidade, dá aulas de futebol a crianças do município e sequer usa celular.
— Estou sendo vítima e tudo isso poderia ter atrapalhado a profissão que eu tive. Eu poderia ter sido banido do futebol. profissão que sempre sonhei. É um prejuízo grande eu ter meu nome ligado a clubes que nunca estive. Poderia até ser preso injustamente. A gente fica sem entender quando a ficha cai. Eu perdi um direito meu, de um pai de família. É um prejuízo que me deixa muito triste. O que mais me incomoda é usarem meu nome. A gente não pode aceitar que alguém se passe por mim, que ganhe às suas custas — analisou Naldo.
O advogado que cuida do caso, Antônio Carlos Dantas, entrou com um pedido junto à Justiça para que o Ministério Público analisasse o caso e para que uma investigação fosse realizada pela Polícia Civil. Nessa quarta-feira, o juiz Henrique Jorge Jácome Figueiredo, da 4ª Vara Regional do Juízo das Garantias da Comarca de Campina Grande, determinou a abertura de uma inquérito para investigar o caso.
— Iranaldo nega qualquer passagem por esses clubes. Inclusive, no período que consta esses vínculos, ele estava na posição de funcionário público em Mataraca. Infelizmente, eu acho que isso é rotineiro no futebol, mas poucas situações são tornadas públicas. Queremos que a investigação esclareça o que aconteceu — comentou o advogado de Naldo Mataraca.
O advogado e Naldo Mataraca acreditam que possa ter sido um jogador que se passou pelo ex-atleta, mas não sabem ainda quem foi que cometeu o suposto crime de falsidade ideológica. O ge procurou no Boletim Diário Informativo da CBF, nas datas que constam no Rais de Naldo, registros de contratação ou de rescisão contratual de algum Iranaldo nos clubes citadas, mas não encontrou. É possível, por exemplo, que os vínculos tenham sido de outro tipo de emprego, dentro desses clubes. A expectativa de Naldo é de que as investigações esclareçam tudo.
O ge tentou entrar em contato com os clubes citados na matéria, mas até a publicação da reportagem não obteve respostas ou não conseguiu localizar as assessorias de comunicação. O espaço está aberto para um posicionamento dos times citados.
Por Pedro Alves
ge João Pessoa
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