Quando eu era adolescente, isso já faz um bom tempo, os nossos grandes clubes possuíam jogadores estrangeiros denominados por nós de “gringos”. Doval, atacante argentino, alegrava a imensa massa rubro-negra e posteriormente a tricolor. Andrada, também argentino, fechava o gol do meu Vasco da Gama. Fischer, argentino, foi ídolo e goleador do Botafogo de Futebol e Regatas. O uruguaio Pedro Rocha vestiu a camisa do São Paulo Futebol Clube por mais de uma década. Ramos Delgado, argentino, teve o privilégio de ser titular na zaga do Santos do rei Pelé. O chileno Elias Figueroa, com o manto do Internacional de Porto Alegre virou nosso ídolo inconteste. Mazurkiewicz, goleiro uruguaio, encantava os mineiros com a camisa do Atlético. Esses atletas citados como exemplo, eram acima da média e tinham jogado nos melhores clubes e ou na seleção de sua pátria.
Por incrível que pareça, hoje o futebol pentacampeão do mundo possui mais de 130 jogadores estrangeiros disputando os nossos campeonatos. Não são atletas acima da média do nosso futebol. Mensalmente novos gringos são anunciados como reforços aos nossos clubes. O tradicional e respeitado Clube de Regatas Vasco da Gama, que em um passado glorioso formou jogadores como Roberto Dinamite, Romário, Mazinho e tantos outros, possui onze jogadores estrangeiros em seu plantel. Dá para acreditar?
No comando dessas equipes, temos vários treinadores estrangeiros. Sim, caro leitor, equipes da elite do nosso futebol, como a Sociedade Esportiva Palmeiras, Clube de Regatas Flamengo, Sport Club Corinthians Paulista e tantos outros da série “A” têm ou tiveram técnico de outra nacionalidade. Por falar em treinador, dez equipes sul-americanas disputam a classificação para a próxima copa do mundo que será realizada em 2026. Dessas equipes, oito são treinadas por argentinos, uma por boliviano e uma por italiano. Nenhum brasileiro comanda seleção, nem mesmo a nossa verde e amarela, que insensatamente tentaram avermelhar.
De norte a sul do nosso país proliferam escolinhas de futebol de clubes estrangeiros que aqui “vem ensinar como se jogar futebol aos nossos garotos”. São franquias da Footeboll Club Internazionale de Milão, do PSG Paris Saint-Germain, FCB Futebol Clube Barcelona, etc. São milhares de camisas com o nome de Messi, Cristiano Ronaldo e Maradona desfilando nas costas de nossas crianças. Os organizados e vistosos campeonatos europeus entraram e ficaram em nossas salas através da televisão.
Semana passada assisti ao jogo da nossa seleção contra a seleção do Equador. O adversário, que no passado já entrava em campo perdendo de 3 x 0, mostrou que se organizou e vem desenvolvendo um futebol moderno, aguerrido e bastante técnico, quase nos venceu.
Caro leitor, crescemos escutando a história de que no continente africano, em 1969, uma guerra civil foi interrompida para assistir o Santos de Pelé jogar. Que Didi inventou a folha seca, Leônidas da Silva inventou o gol de bicicleta, Peixinho, ponta direita do São Paulo batizou um gol por mergulhar e fazer um lindo gol de cabeça, que Roberto Rivelino popularizou o drible do elástico e o maior estádio do mundo era o nosso Maracanã.
O futebol vem evoluindo e se organizando nos cinco continentes, menos no desorganizado futebol brasileiro que é comandado por “presidentes jabutis” - pois ninguém sabe como lá chegaram -, e ainda não se dignaram a procurar a imprensa para desmentir que recebem 200 mil reais por mês.
Serpa Di Lorenzo
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