A estreia da Série D do Campeonato Brasileiro ficou marcada por uma polêmica. Após permitir os 64 clubes de transmitirem seus jogos por conta própria, a CBF voltou atrás e proibiu a difusão das imagens ao vivo horas antes da bola rolar.
Na manhã deste sábado (19), a entidade enviou um comunicado para todos os participantes da competição impedindo a transmissão das partidas em seus canais no YouTube e sites oficiais. A decisão irritou os times da Série D.
Esse foi mais um capítulo controverso envolvendo CBF e direitos de transmissão do campeonato. A Trivela montou uma linha do tempo para relembrar a ordem dos fatos que culminou no impedimento dos clubes em mostrarem imagens ao vivo de seus jogos nesse começo de Série D do Brasileirão.
CBF adia início da Série D 2025
Tudo começou no último dia 7, quando a CBF anunciou o adiamento da 1ª rodada da Série D a menos de uma semana para o início da competição. A princípio, a competição estava marcada para o final de semana dos dias 12 e 13 de abril.
Entretanto, como a entidade sequer tinha detalhado a rodada de abertura da Série D, as partidas foram transferidas para o final de semana da Páscoa (19 e 20). Em ofício enviado às federações estaduais e aos clubes, a CBF alegou que alguns times não apresentaram os laudos técnicos de seus estádios.
Só que o regulamento específico da Série D do Campeonato Brasileiro determina que “quaisquer estádios poderão ser substituídos na hipótese de falta de laudos técnicos exigidos na legislação vigente“. Portanto, não havia necessidade de adiar a 1ª rodada.
Para a primeira fase do campeonato, os estádios devem ter capacidade mínima de mil torcedores e sistema de iluminação para partidas noturnas.
Já na última quarta-feira (16), a entidade máxima do futebol brasileiro ameaçou cortar a ajuda de R$ 458 mil mais o apoio logístico para cada clube da Série D caso o participante negociasse os direitos de transmissão de seus jogos de maneira independente.
Na semana anterior, no dia 11 de abril, a CBF realizou o Conselho Arbitral da Série D do Brasileirão, definindo os últimos detalhes da competição. Contudo, desde então, não se falou mais sobre quem iria fazer a difusão das imagens das partidas ao vivo, assim como aconteceu em 2024.
Isso motivou alguns dos 64 clubes a procurarem possíveis interessados por conta própria. Treze, Sousa e Santa Cruz chegaram a fechar um pacote de transmissão com o Canal Goat, do YouTube. Outras equipes estavam negociando com a empresa, como Central e Portuguesa.
Contudo, segundo esses clubes, a entidade não só proibiu as negociações individuais, como também avisou que iria suspender o repasse financeiro e o pagamento das premiações para quem vendesse individualmente seus direitos de transmissão na Série D.
Entidade se pronuncia
No final do dia 16, a CBF enviou um ofício para os 64 clubes assinado pelo diretor jurídico André Mattos. A justificativa da entidade em barrar as equipes de negociarem por conta própria era de que tinha “negociações com empresas interessadas em transmitir as partidas”.
— (…) E como regra geral, a CBF concede aos detentores o direito exclusivo de exibição das partidas de suas competições.
No mesmo comunicado, a CBF se mostrou preocupada com a responsabilização em caso de condenação judicial movida por terceiros. Além disso, a entidade máxima do futebol brasileiro admitiu que iria aplicar sanções aos clubes que agissem individualmente.
Entre as medidas, a CBF iria retirar o custeio das despesas com arbitragem, logística com transporte, de qualquer natureza, hospedagem e alimentação, bem como o pagamento das cotas de participação e premiação ao longo da disputa da Série D do Campeonato Brasileiro.
CBF libera transmissão em canais oficiais dos clubes, mas se retifica
Por outro lado, no mesmo ofício, a CBF liberou que os clubes transmitissem seus próprios jogos na 1ª rodada da Série D em canais oficiais. Com isso, a partir do dia 17, algumas equipes começaram a se organizar para realizar a difusão das imagens ao vivo e de maneira gratuita.
O imbróglio parecia resolvido, porém, um novo comunicado da CBF na manhã deste sábado (19) pegou os 64 times de surpresa: apenas emissoras públicas estavam autorizadas a transmitir jogos da rodada inicial da Série D do Brasileirão.
A revogação do ofício anterior seguiu praticamente o mesmo roteiro: a entidade ainda negocia os direitos de transmissão do campeonato para mídias televisas e digitais, que exigem exclusividade. O clube que desobedecesse a nova ordem, seria punido da mesma forma.
Clubes da Série D se pronunciam
Alguns dos 64 clubes se pronunciaram lamentando a proibição da CBF em transmitir a rodada de abertura da Série D em canais oficiais. Equipes afirmam que já tinham montado toda a estrutura para difundir as imagens sem custos de seus jogos para os torcedores.
A maior Série D de todos os tempos?
A entidade máxima do futebol brasileiro vende a imagem de que essa é a “maior Série D de todos os tempos” por aumento nas premiações e investimento recorde no campeonato. Em texto publicado em seu site oficial, a CBF informa que gastou mais de R$ 130 milhões.
O valor é para investimentos em logística, hospedagem, arbitragem, anti-doping, entre outros. Do montante total, R$ 40 milhões serão distribuídos em premiação na Série D do Campeonato Brasileiro. Essa quantia é R$ 30 milhões mais alta do que a edição de 2024, por exemplo.
Apesar disso, a entidade não conseguiu vender os direitos de transmissão da Série D antes da 1ª rodada.
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