A CHATICE DO FUTEBOL ATUAL

Diariamente somos indagados pelos amigos qual o motivo da nossa ausência dos jogos de futebol profissional. Eu sempre respondo que o futebol brasileiro perdeu a sua essência, as suas raízes, o seu peculiar e especial jeito de ser jogado. Deus foi muito generoso com o povo brasileiro ao dotar os nossos jogadores de um dom nato nunca existente em outras plagas.

Mas, lamentavelmente insistimos em acabar com esse dom divino. Diariamente, as nossas maternidades estão dando à luz, não importa a cor, a condição social ou a religião professada pelos pais a crianças com esse potencial magnífico.

Quando falo que insistimos em acabar com o nosso futebol e na chatice em que ele se transformou, eu posso citar centenas de lamentáveis situações que ocorrem no seu dia a dia. Primeiro, a total falta de credibilidade de nossos dirigentes de clubes, dos gestores das federações estaduais e da poderosa Confederação Brasileira de Futebol.

Segundo, podemos citar a fabricação de “craques” por parte de uma imprensa despreparada e sem conhecimento, que da noite para o dia classifica fulano e beltrano como novos reis do futebol. Estamos com uma enorme relação de “craques” que nunca ganharam absolutamente nada.

Aqui, em João Pessoa, especificamente, não aceitamos possuir um estádio construído há cinquenta anos e nunca ter sido concluído, sem a mínima estrutura e com uma iluminação que não causa inveja aos vagalumes. E para completar, você vai ao campo e ver aproximadamente vinte mil pessoas distribuídas nas arquibancadas e cadeiras, e quando o borderô é publicado você é surpreendido com apenas 12 mil pessoas presentes. Das duas uma, ou ocorreu um repentino encolhimento do concreto armado das arquibancadas ou houve a presença só de torcedores obesos, que ao sentar ocuparam o espaço destinado a duas ou três pessoas. Incrível.

Se não bastasse tudo isso, fico bastante chateado quando um jogador, depois de tentar fazer um simples cruzamento por várias vezes consegue um escanteio e se vira para a torcida e passa a gesticular com os braços exigindo que a mesma aplauda, grite, incentive etc. Desde quando um elogio precisa ser solicitado? Fico aqui imaginando o que pediria se hoje jogassem bolas, jogadores de verdade da categoria de um Mauro, Reinaldo, Magno e o mestre Zé Eduardo. Meu Deus, que saudade!

E acho extremamente estranho e absurdo, toda vez que um atleta vai falar com o outro, precisar colocar a mão na frente da boca, para o torcedor e a imprensa não saberem o teor da conversa. Será que estão combinando o resultado da partida? Estão tramando uma revolução no país? Irão assaltar um banco depois do jogo? Estão saindo com uma mulher casada? Afinal de contas, que tanto sigilo é esse?

Poxa, como ficou chato e feio o nosso futebol!

Serpa Di Lorenzo