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quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

"Direto do Estúdio", coluna do Jornal A União destaca o trabalho dos plantonistas esportivos

 
Foto: Reprodução / Jornal A União
O Jornal A União destacou em sua coluna publicada no domingo, dia 14 de janeiro o trabalho dos plantonistas esportivos, na ocasião foram entrevistados Luciano Santos da Rádio Caturité de Campina Grande, Aurélio Nunes da Rádio POP e Franco Ferreira da Rádio Tabajara, confira o artigo:
Direto do Estúdio
O Gol em tempo real 
Conheça um pouco da história dos plantonistas esportivos, que trazem informações pelas ondas do rádio
O transglobe da Philco, uma caixa de madeira grande e desajeitada, já velha, com os cantos desbeiçados pelo contínuo uso, reverbera por toda a redação da Rádio Caturité de Campina Grande a voz de José Silvério narrando um jogo do Grêmio do Rio Grande do Sul em ondas longas. Luciano Santos, ouvido colado no rádio, tem diante de si dois aparelhos de telefone. Ao mesmo tempo, em outro aparelho de rádio, este, um stereo normal, na mesma redação, rola o Clássico dos Maiorais. Luciano não pode se desligar de nenhum dos aparelhos, pois a qualquer momento um gol pode sair em algum lugar do Brasil.
Na mesa onde estão os telefones, várias listas contendo nomes de times e embates que acontecem naquele domingo à tarde perdido no início dos anos 2000. A internet ainda engatinhava e o trabalho do plantonista de esportes das rádios dependia de uma logística baseada na comunicação analógica.
A gente ficava ouvindo os jogos do Brasil inteiro pelo rádio transglobe, que tinha ondas longas e pegava as emissoras de longe. O importante era ser o primeiro a dar os gols mais importantes durante a jornada esportiva”, explica o plantonista, que recebe o prefixo de “O número 1 da informação”, apelido conquistado com a credibilidade de mais de 20 anos deixando o público ligado.
A voz de José Silvério avisa: falta para o Tricolor Gaúcho. É Campeonato Brasileiro, e este gol pode mudar a tabela até a próxima rodada. Luciano aumenta o volume do rádio e espera. O “Pai do Gol”, voz limpa, mesmo no fundo das interferências comuns aos rádios de ondas longas, solta a frase clássica: “E que golaço!”, e começa o mais longo grito de gol da história do futebol.
Luciano anota a informação em um papel e corre para o estúdio, que está ligado direto com a cabine da Caturité no Amigão. Dá um sinal ao locutor e entra no ar. “Agora, no Beira Rio, Grêmio, um, América Mineiro, zero. Gol de falta de Anderson Lima”.
Velocidade
Essa pressa é o diferencial para os bons plantonistas durante a jornada esportiva, que nada mais é que a transmissão ao vivo dos jogos pelas rádios. Saber quais os jogos realmente são importantes para os torcedores que acompanham aquela rádio também é fundamental.
“De nada adianta eu ficar correndo atrás de XV de Piracicaba e Portuguesa Santista na Série A2 do Paulistão para o torcedor paraibano. Eu tenho que saber quais os resultados importantes aqui, quais influenciam o jogo que está sendo transmitido, quais contam com mais torcedores… Então a gente foca muito nos times principais de fora. No Rio, Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo. Em São Paulo, Corinthians, São Paulo, Santos e Palmeiras. Grêmio, no Rio Grande do Sul, Cruzeiro e Atlético em Minas. Não adianta eu narrar jogo pequeno, que só atrapalho o narrador e não ajudo o torcedor”, explica Aurélio Nunes, plantonista da Rádio Pop, com mais de vinte anos de estrada.
Aurélio tem passagens pelas principais rádios que transmitem esportes na Paraíba. Oficialmente ele torce para o Sport de Recife, mas sempre prioriza, no trabalho, os times da Paraíba. “Eu trabalho na Paraíba, então eu preciso priorizar a Paraíba. Não importam as minhas paixões, e sim aquilo que o torcedor precisa saber. Esta deve ser sempre a prioridade para qualquer pessoa que trabalhe com o esporte no estado”, explica.
Ele lembra de outros profissionais, como Ernani Norat - in memorian - , na Rádio Tabajara, uma das referências no jornalismo esportivo paraibano. “Ele ouvia quatro rádios ao mesmo tempo. Ele sempre procurava rádios de Pernambuco, pois aí ele conseguia bastante informações do Brasil inteiro. O Norat, tinha o acesso ao telefone restringido, pois ele abusava um pouquinho, fazia ligações pessoais e o povo não gostava. Ele que me ensinou que a gente precisa escolher o que priorizar”, explica Aurélio, que passou por vários anos como plantonista da Rádio Tabajara
No radinho que acompanhava o Clássico dos Maiorais, a voz incomparável de Joselito Lucena ecoa pela redação. “É gol do Treze. Julio César”. Luciano pega um dos telefones e disca. Do outro lado, o colega plantonista da Rádio Jornal de Recife atende. Luciano fala rápido. “Gol do Treze. Júlio César”. Desliga. Lá na Rádio Jornal, o plantonista entra no ar com a informação. A
rede de contatos é uma arma para estes profissionais.
“Da mesma forma que eu ligava para passar a informação para os colegas, eles ligavam para passar os gols para a gente. Essa troca rápida era o diferencial para qualquer profissional. Quanto maior a sua rede de contatos, mais resultados você conseguia”, explica Luciano.
Dias atuais 
Hoje o transglobe da Philco de ondas longas é peça de museu, e o trabalho dos plantonistas é acompanhar os resultados pela internet. A ferramenta também alimenta de informações os comentaristas de resenhas esportivas nas rádios locais. “Eu gosto muito de Juca Kfouri, Mauro César… Estão sempre bem informados e têm opiniões embasadas. A gente precisa, às vezes, falar do futebol de fora, pois o daqui ainda encara dificuldades para se destacar”, fala Aurélio Nunes que hoje trabalha na Rádio Pop.
Aurélio defende o futebol da Paraíba, e, especialmente, o de João Pessoa. “O pessoal de Campina vive da rivalidade entre Treze e Campinense, o que é uma vantagem. Eles sempre vão defender os times de lá e se alimentar dessa rivalidade. Meu microfone é de João Pessoa, então eu vou defender o futebol daqui. Hoje a capital tem três times profissionais, mas apenas um tem destaque, que é o Botafogo. O torcedor é movido pela paixão, pelo sentimento. Ele enxerga o que é bom para o seu time. Eles não têm a mesma visão geral que a gente tem”, diz.
Ele explica que, na resenha, o que o preocupa é que muitas vezes jornalistas ficam tecendo elogios onde não existem. “A gente precisa ter bom senso, sempre. Não dá para só criticar o time, mas não dá pra faltar com a verdade. O que não pode, também, é a gente falar a verdade e vir dirigente de time querendo criticar a gente por conta disso”, comenta.
Cansaço
O trabalho hoje, apesar de ser mais simples, para Luciano, é mais cansativo. “Se trabalha muito pelo celular procurando os resultados. Agora até os campeonatos internacionais a gente procura. Jogos do Espanhol, do Português e do Francês também geram interesse, principalmente quando tem brasileiros jogando. A gente fica ligado o tempo todo no 220. Pra cortar o efeito só tomando uma gelomática (cerveja) quando chega em casa”, ri.
Apesar disso, o trabalho ainda é mais tranquilo que o de repórter de campo. Quem garante é o Franco Ferreira. Há mais de 40 anos na reportagem esportiva do rádio, Franco é conhecido, hoje, como o plantonista da Rádio Tabajara. “Chega uma hora que o cidadão não quer mais ficar viajando. A idade não ajuda. A gente vai ficando velho e quer dormir na própria cama”, explica.
Ele fez história como repórter esportivo. Na beira do campo, tornou-se uma referência para as novas gerações, mas em dado momento resolveu que precisava diminuir o ritmo. O trabalho de plantonista se enquadrava melhor naquilo que ele estava esperando e precisando. “Eu gosto muito de acompanhar o futebol nacional. Estar por dentro dos resultados. Foi a melhor decisão que tomei”, comemora.
Ele olha para a frente, sabendo de seu papel de influência sobre os mais novos e lembra sempre de quem o influenciou também. “Sempre gostei muito do Bernardo Filho. Assertivo, informado, competente, versátil, inteligente, muito completo. Temos que olhar para este tipo de profissional, sempre, e tentar buscar neles aquilo que vai nos deixar mais completos”explica.
Ao final da jornada, as estatísticas, as informações, os gols marcados, tudo vai sendo armazenado. O trabalho deste domingo reverbera na resenha da segunda, e cada dado coletado vai ajudando a formatar a colcha de retalhos do futebol brasileiro, ainda carregado da paixão transmitida pelas ondas do rádio.

Jornal A União
Repórter João Thiago

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