Dez jogos receberam alertas com suspeitas de manipulação de resultados no RS em 2022 - Esporte do Vale

Ultimas

Esporte do Vale

O Portal de Esportes do Vale do Sabugi

test banner

Post Top Ad

Responsive Ads Here

Ads

Responsive Ads Aqui 2

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Dez jogos receberam alertas com suspeitas de manipulação de resultados no RS em 2022

 
Partidas do futebol gaúcho tiveram resultados nebulosos (Foto: Lauro Alves / Agencia RBS)
União Harmonia e Sapucaiense se enfrentavam no Estádio do Santos & Schein, em Canoas, pelo Gauchão sub-20, em 24 de abril. Durante o jogo, quando o placar ainda indicava 0 a 0, um site pouco conhecido, de origem na Indonésia, registrou uma aposta de valor equivalente a R$ 50 mil que sairia um gol depois dos 30 minutos do segundo tempo. Aos 38, o Sapucaiense fez 1 a 0. Aos 42, o segundo. O apostador recebeu cerca de R$ 250 mil. Essa é uma das partidas que receberam o alerta para possível manipulação pelo sistema de monitoramento da Federação Gaúcha de Futebol (FGF). 
Pelo menos 10 jogos de campeonatos do Rio Grande do Sul receberam alertas para possíveis manipulações de resultados em 2022. As partidas, válidas pela Série B estadual e pelo Gauchão sub-20, foram consideradas suspeitas em razão de apostas em volumes acima do padrão para competições deste tipo. Além dessas sinalizações, atletas e técnicos também denunciaram possíveis fraudes. Há indícios de que quadrilhas estão agindo no Estado influenciando no resultado desses confrontos.
Na Série B (que na prática representa a Terceira Divisão, e por isso recebe o apelido de Terceirona), as partidas sinalizadas pelo sistema envolvem União Harmonia e Farroupilha. Os dois times terminaram na lanterna de seus grupos, sem vencer nem uma partida sequer. O União Harmonia, cuja sede é em Canoas, levou 18 gols em seis jogos. O Farroupilha, de Pelotas, sofreu 19.
No Estadual sub-20, novamente o União Harmonia aparece nos relatórios, desta vez ao lado de Tamoio (de Viamão) e Sapucaiense (de Sapucaia do Sul). O União foi o lanterna do Grupo C, com oito derrotas em oito jogos. Na mesma chave, o Sapucaiense terminou na sexta posição com três vitórias e cinco derrotas. O Tamoio foi penúltimo da Chave B com uma vitória, dois empates e cinco derrotas.
A mera indicação de possível fraude não significa que houve manipulação de resultado. A SportRadar, empresa parceira da FGF que monitora as partidas, aponta "movimentações estranhas" tanto no desenrolar dos jogos quanto no volume de apostas. Foi a variação nas apostas que disparou o alarme.
Outra denúncia feita na Terceirona de 2022 não partiu do sistema de monitoramento, mas de atletas e técnicos. Em 1º de agosto, o meia Iago Padilha, do Farroupilha, foi às redes sociais dizer que alguns de seus colegas de time facilitaram a goleada para o Bagé por 7 a 0 para ser beneficiados em apostas. Depois, o jogador apagou a postagem e ainda gravou um vídeo afirmando que havia sido mal interpretado. Seu texto, porém, foi endossado pelo ex-técnico da equipe pelotense, Gregory Macedo. Ele acusou seu substituto, Carlos Alberto Estêvão, o Caco, de participar de esquemas de manipulação.
Gregory, que garantiu ter recebido uma oferta de alguém desconhecido no valor de R$ 80 mil para acertar resultados, também teve outra ação decisiva. Ele gravou uma ligação de Herivelton Paim Camargo, que trabalhava na SER Santo Ângelo mesmo afirmando não ter um cargo estabelecido. Nela, Herivelton afirmava que havia "tirado um dinheiro" em jogos da equipe na Terceirona e oferecia uma quantia não revelada para o Farroupilha fazer o mesmo. Dias depois do vazamento da gravação, Gregory divulgou uma mensagem de áudio recebida no WhatsApp com ameaças de morte contra ele e sua família. 
Herivelton deixou o clube — e a cidade — e teve contra si dois Boletins de Ocorrência, um por deixar aberta a conta do hotel onde morava (no valor aproximado de R$ 5 mil) e o outro por ter abandonado os atletas sem dinheiro nem alimentação.
No Gauchão Sub-20, um jogador cuja identidade será preservada a seu pedido, também afirmou ter recebido proposta para fazer parte de um esquema. Segundo ele, o dirigente do clube ofereceu entre R$ 3 mil e R$ 5 mil por jogo para facilitar alguns resultados no Gauchão Sub-20. O atleta não aceitou.
A proliferação de casos suspeitos preocupa autoridades e esportistas. A Polícia Civil, por meio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), investiga as denúncias. Algumas pessoas foram ouvidas, e também ocorreram análises de áudios, vídeos e dos relatórios. Um dos pontos levantadospelo delegado Gabriel Bicca é de que uma geração inteira de meninos pode ser perdida:
 — Isso nos entristece. São meninos entre 16 e 20 anos, na fase final da formação, que já enfrentaram barreiras para virar jogadores de futebol, mas percebem essas ações. Os que não aceitam acabam se desestimulando.
O presidente da FGF, Luciano Hocsman, afirmou que todos os clubes sabem do serviço de monitoramento da SportRadar. A empresa presta serviço para as principais federações e algumas das maiores competições esportivas do mundo. 
Quando recebemos relatórios, repassamos ao Tribunal de Justiça Desportiva (TJD), à Polícia Civil e ao Ministério Público — informou Hocsman.
O mercado de apostas tem crescimento exponencial no Brasil. Em 2018, o setor movimentava cerca de R$ 2 bilhões. Para 2022, a expectativa é de que atinja R$ 15 bilhões. A quantidade de dinheiro tem sido um convite à manipulação. Há denúncias em diversos Estados. Em São Paulo, partidas da Quarta Divisão estão sob investigação. Em Amazonas, um escândalo foi divulgado após um jogador do Atlético-AM ter feito, deliberadamente, um gol contra durante uma partida da Série B.
Contrapontos
SANTO ÂNGELO
Herivelton Paim Camargo afirmou que não tinha cargo no Santo Ângelo, apesar de algumas vezes ter confirmado que assinou a súmula como auxiliar técnico e de ter se mudado para a cidade. Disse que "mora onde quiser" ao justificar a conta em um hotel. Declarou que sua única ligação com o clube foi "levar jogadores para o time". Por isso, alega não ter responsabilidade pelo pagamento de salários. Perguntado sobre a conta aberta no hotel, respondeu que pediu à direção do local que aguardasse o cheque compensar e que agora tem fundos para quitar sua dívida, mas que não foi mais procurado.
Ele manteve a versão dada em agosto de que não participou e não sabe de nenhuma manipulação de resultado. 
TAMOIO
O presidente do Tamoio, Ial Nunes (o Gonho), informou que a categoria de base do clube foi terceirizada. Para isso, os investidores pagaram R$ 3 mil da taxa da FGF mais os custos do campeonato (estimados em pelo menos R$ 50 mil). O dirigente foi informado sobre o alerta da FGF com a suspeita de manipulação de resultados.
Parte da parceria foi negociada por Lisandro Leite, que assumiu o cargo de diretor de futebol. Ele afirma ter sido procurado por uma empresa de São Paulo interessada em investir no clube. Segundo ele, coube a esses representantes o pagamento das despesas. Eles trouxeram o técnico e alguns jogadores. Após a partida contra o Nacional, eles foram embora e deixaram cerca de R$ 25 mil em dívidas, que precisaram ser cobertos pelo clube. 
UNIÃO HARMONIA
O presidente do clube, Cléu Fontoura, manteve a posição de quando surgiram as primeiras denúncias. Afirmou não ter detalhes sobre as denúncias, mas disse ter aumentado a vigilância. Os profissionais estão proibidos de usar o celular quando chegam nos jogos, alguns jogadores que não conhecia foram dispensados, e as contratações para a Copa FGF foram de atletas conhecidos da direção. Ele disse que "nem mesmo chegou perto dos dirigentes do Sapucaiense", na partida entre ambos disputada na quarta-feira, "para evitar suspeitas ou comentários". 
Cléu afirmou que as suspeitas de manipulação o fizeram perder dois patrocinadores. E pediu apuração sobre o caso para "que uma ou outra pessoa que faça coisas erradas não comprometam todo o trabalho".
FARROUPILHA
O técnico Carlos Alberto Estêvão, o Caco, repetiu que "foi boicotado por jogadores" que não queriam a saída do antigo treinador. Afirmou que acertou com o Farroupilha para "quebrar um galho" para os amigos. Disse que essas denúncias "queimam seu filme" e por isso não está trabalhando no futebol no momento. E manteve a posição de que nada sabe sobre apostas e manipulação de resultado.
O diretor jurídico do Farroupilha, Hermes Rockenbach, declarou que "desconhece qualquer aposta ou manipulação". Afirmou também que "as pessoas que trabalharam na Terceirona não estão mais no clube".
SAPUCAIENSE
Valderi Silva assumiu o clube interinamente após a morte do ex-presidente Lauri Bresolin, no início do mês. Ele informou que o futebol do Sapucaiense é terceirizado para uma empresa. Os investidores são responsáveis pela manutenção dos grupos no sub-20 e profissional, na disputa da Copa FGF. Ele disse desconhecer qualquer alerta de manipulação de resultado.

GZH Esportes

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário será publicado em breve após ser analisado pelo administrador

Publicar anúncio principal

Responsive Ads aqui