Localizada a uma distância de 340 km da capital, a prazerosa e progressiva cidade de Patos, geograficamente situada no nosso sertão, sempre serviu como um celeiro de grandes jogadores de futebol. Com vários times amadores, dois se profissionalizaram e se destacaram no estado, o Nacional e o Esporte. Sendo o Nacional, o time patoense que mais conquistas obteve, tanto nas competições locais como nas estaduais, chegando a participar de um campeonato brasileiro, em 2007, ano que brilhantemente conquistou o campeonato paraibano, mantendo assim uma vantagem com o seu maior rival, o Esporte.
Deixando de lado a positiva rivalidade, foi na “Morada do Sol”, termo carinhoso que se apelida a cidade de Patos, que surgiu o jogador Araponga, um atacante goleador que fez sucesso no Campinense Clube e em terras portuguesas. Outro patoense que ganhou fama na terra do fado foi Mário Moura, atacante que defendeu as cores do Vitória de Setúbal.
Quem não se lembra de Lulu, um craque que surgiu em Patos, brilhou no CRB, no Fortaleza e principalmente no Clube Náutico Capibaribe, do Recife, quando o alvirrubro pernambucano era a seleção do nordeste e enfrentava o Santos de Pelé, de igual para igual? Do grande Clóvis, que brilhou no Ceará Sporting Clube; Antônio Araújo, que foi destaque no Sport Club do Recife, e no forte esquadrão do Bahia. Do clássico Messias, meio campista que colocava a bola onde queria; Edmundo, artilheiro do campeonato paraibano jogando pelo Nacional e o zagueiro Washington Luís, que veio para o Botafogo de João Pessoa, assumindo a função de capitão e vestindo a sua camisa por dez anos, recorde até os dias atuais.
Propositadamente, deixei um craque para ser relatado por último: Dissor. Ele jogava de ponta direita, tabelava, cruzava, cabeceava, usava a linha de fundo e principalmente marcava gols. Era artilheiro. Um jogador completo. Um ser humano humilde, prestativo e que vive para a sua família.
Foi ele quem, no dia 29 de novembro de 1964, quando da inauguração do atual Estádio Municipal José Cavalcanti, com as ilustres presenças do Governador Pedro Gondim, do Prefeito José Cavalcanti, Deputados e o Ministro e Escritor José Américo de Almeida, marcou o primeiro gol daquele campo. Aliás, naquele dia, Dissor marcou duas vezes e o seu time venceu o clássico local pelo escore de 2 a 1.
Logo o seu futebol ultrapassou as divisas da cidade de Patos, sendo o mesmo transferido para o Botafogo de João Pessoa, onde brilhantemente atuou de 1967 a 1970, sendo um dos artilheiros e peça fundamental no histórico tricampeonato do alvinegro da Maravilha do Contorno, nos anos de 68-69 e 70.
E quando o seu futebol já havia ultrapassado as divisas do Estado da Paraíba, com os grandes times do Recife e de Fortaleza, querendo comprar o seu passe e levá-lo para aqueles centros maiores, Dissor optou por uma estabilidade financeira, assumindo um cargo no antigo Banco do Estado da Paraíba, consequentemente encerrando a sua brilhante carreira. Edilson Brandão de Lucena, o Dissor, hoje aposentado, recorda com bastante saudade e alegria o fato de ter recebido as faixas de campeão paraibano, pelo Botafogo, em 1969, das mãos do Rei Pelé, em um dia festivo para a história do futebol paraibano.
Este artigo é dedicado ao desportista João Grilo, ex-jogador, treinador, conselheiro, presidente e torcedor do Canário do Sertão.
Serpa Di Lorenzo
Historiador, Membro da ACEP e APBCE
falserpa@oi.com.br
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