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segunda-feira, 6 de abril de 2020

Em meio a incertezas, Paraibano pode ficar sem campeão em 2020; saiba o que houve em outros anos

Foto: Infoesporte
O futebol brasileiro foi interrompido no mês de março por causa da pandemia do novo coronavírus. Nas últimas semanas, muito tem se falado de como (ou se vai ter como) prosseguir com a temporada. Muitas são as variáveis: quanto tempo vai durar o isolamento social, calendário, situação econômica dos clubes, etc. Mas uma das possibilidades - e talvez a mais forte - é que os estaduais fiquem simplesmente sem conhecer os seus campeões em 2020.
O Campeonato Amazonense foi o primeiro a indicar isso. Logo após a suspensão, a FAF decidiu que a competição não seria mais retomada, seja qual for o cenário daqui a alguns meses. Com isso, Manaus (campeão do primeiro turno) e Amazonas (time de melhor campanha) pleiteiam o título. Na Paraíba, o Atlético de Cajazeiras segue o mesmo caminho e também quer ser reconhecido campeão.
Seja qual for a decisão das federações, não deve haver consenso. Os clubes tentem a brigar pelo que lhe convêm. Alguns vão defender a volta das competições (de olho nas cotas de televisão), outros vão optar pelo cancelamento (especialmente quem está em situação de rebaixamento) e outros vão simplesmente pedir para serem declarados campeões com base nas campanhas ou em critérios mais subjetivos.
O fato é que o ano de 2020 vai ter o famoso asterisco. O Campeonato Paraibano, por exemplo, já viveu outros anos que ficaram para a história. Como na Revolução de 1930, quando não houve disputa. Em outros dois, em 1922 e 1951, clubes e as ligas da época não se entenderam na organização do campeonato.
Em 1985 aconteceu o cenário mais parecido com o atual. O campeonato até começou, mas acabou parando na Justiça Comum - não por causa de uma pandemia, mas por divergências quanto ao seu regulamento. Sem acordo e com o Campeonato Brasileiro se aproximando, a Federação acabou suspendendo a disputa sem um campeão declarado.
Também houve polêmicas em 1956, 1975 e 2002. O GloboEsporte.com relembra agora cada um desses capítulos da história do futebol paraibano.
1922 - Só houve o Torneio Início
A primeira polêmica do Campeonato Paraibano aconteceu em 1922. Como a Liga de Desportos Parahybana (LDP) estava inativa desde o ano anterior, alguns desportistas da época resolveram organizar o campeonato. Começando pelo Torneio Início, que foi vencido pelo Pytaguares. Só que depois não houve consenso e o certame jamais saiu do papel.
Por conta disso, alguns historiadores consideram o Pytaguares campeão paraibano de 1922 - ou Campeão do Centenário, numa alusão aos 100 anos da Proclamação da República. A LDP só voltou a promover competições em 1923, depois de quase dois anos de abandono.
1930 - Revolução e nada de futebol
Em 1930 a política brasileira estava fervendo. O assassinato de João Pessoa, então presidente da Paraíba, em julho daquele ano, foi o estopim para a Revolução de 30, que tomou conta do país. O movimento liderado por Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul culminou com o golpe de Estado que depôs o presidente da República, Washington Luís, e deu fim à política do Café com Leite.
Antes mesmo da morte de João Pessoa, o Estado presenciava mais uma revolução, essa interna, depois que o Governo se negou a fazer uma intervenção federal. De março a agosto, o episódio ficou conhecido como a "República de Princesa", por ter acontecido na cidade de Princesa Isabel.
Com praticamente todos os setores da sociedade paraibana envolvida na política - de um lado, ou de outro - o fato é que não havia clima para o futebol. Os primeiros jogos do Campeonato Paraibano daquele ano até foram disputados, mas logo a competição foi interrompida.
1951 - Amistosos no lugar de campeonato
Ninguém sabe ao certo porque o Campeonato Paraibano de 1951 não aconteceu. O clima era mais do que propício. O Brasil acabara de sediar uma Copa do Mundo, e mesmo que não tenha vencido, o futebol já era o esporte mais popular do país. O Torneio Rio-São Paulo, reunindo as principais equipes do país, também tivera sua primeira edição um ano antes e era um sucesso de público.
Pois bem. O ano de 1951 começou e os clubes paraibanos marcaram os amistosos de praxe antes do início do campeonato. Semana sim, semana não havia um jogo local ou interestadual. Como a Federação também não fazia tanta questão de chamar o feito à ordem, o tempo foi passando. E quando menos se esperava, não havia mais calendário para disputar o Campeonato Paraibano.
Coisas de um amadorismo que ainda imperava em nosso futebol.
Auto Esporte, Botafogo-PB, Ipiranga e Palmeiras deveriam disputar o campeonato. Treze e Paulistano, os dois times de Campina Grande, também tinham a intenção de entrar.
1956 - Decisão dois anos depois
Se você for buscar a lista de campeões paraibanos verá que o Auto Esporte levantou a taça em 1956. O que muitos livros não dizem é que a decisão contra o Botafogo-PB não aconteceu naquele ano... E sim, dois anos depois, em 1958.
O livro Memórias do Botafogo Paraibano, ainda a ser lançado, do historiador Raimundo Nóbrega, conta essa história. Tudo começou quando o TJD puniu o Botafogo-PB com a perda de pontos por causa de um incidente ocorrido na partida contra o Santos-PB, pelo campeonato juvenil. O Belo, então, recorreu ao STJD.
O processo esteve em tramitação por inacreditáveis dois anos. O que foi suficiente para proporcionar fatos inusitados. Em primeiro lugar, a Federação resolveu iniciar o campeonato de 1957 sem ter o desfecho de 1956. Resultado: o Botafogo-PB, que era tricampeão estadual (1953/54/55), ganhou o de 1957 e se intitulou tetra.
Finalmente, o STJD deliberou favoravelmente ao Botafogo-PB. Com os pontos recuperados, o Belo teria o direito de decidir o campeonato de 1956 com o Auto Esporte. Assim, a FPF marcou as duas primeiras partidas da "melhor de três" para os dias 2 e 9 de março de 1958. O Auto venceu ambas por 2 a 1 e se sagrou campeão paraibano... de 56!
O detalhe é que praticamente todo o time que decidiu o título não participara da campanha de dois anos antes. Como não havia nada no regulamento que impedisse a inscrição de novos jogadores, o Auto escalou a base que viria a ser campeão também em 1958. Ou seja, em um ano foram dois títulos para o Alvirrubro.
1975 - Título dividido... Por dois ou três?
Quem foi campeão paraibano de 1975? Pense numa pergunta que incomoda e até hoje é difícil ser respondida. Para simplificar, os três grandes - Botafogo-PB, Treze e Campinense - se considerm vencedores. Para a Federação, em sua última atualização da lista de campeões estaduais (ainda na gestão de Rosilene Gomes, encerrada em 2014), o título é dividido entre botafoguenses e trezeanos.
O Campeonato Paraibano daquele ano não chegou ao fim e Botafogo-PB e Treze, campeões de turnos, foram declarados oficialmente campeões pela FPF - tanto que representaram a Paraíba no Campeonato Brasileiro. O problema é que o turno conquistado pelo Galo é contestado pelo Campinense.
A Raposa foi à justiça desportiva em busca de pontos numa partida contra o Nacional de Patos, vencida pelos patoenses por 3 a 1. No caso, o Canário do Sertão teria escalado um jogador de forma irregular e os três pontos do vencedor iriam para o Rubro-Negro. O pleito foi acatado pelo STJD. E com os dois pontos a mais, a Raposa passaria o Treze como campeão do segundo turno.
A essa altura, Botafogo-PB e Treze já estavam disputando o Campeonato Brasileiro da Série A. Eles não chegaram a decidir o título estadual por falta de datas. Mesmo com a decisão favorável do STJD, o Campinense também não disputou a final contra o Belo.
O impasse resultado em um fato inusitado que persiste até os dias atuais. A cada título conquistado pelo Campinense, o clube contabiliza uma taça a mais do que a FPF.
1985 - Ninguém se entende e faltam datas
O Campeonato Paraibano de 1985 foi um dos mais confusos da história. O próprio regulamento não ajudava, com grupos, fases classificatórias dentro do mesmo turno e um quadrangular final depois de dois turnos. Some-se a isso o fato dos clubes recorrerem à Justiça Comum (sim, naquela época era permitido) por qualquer coisa.
O resultado? Entre idas e vindas, suspensões de campeonato e falta de datas, a FPF resolveu encerrar a disputa sem um campeão declarado - justamente num ano que o Estado vivia fazendo pompa pelo Quarto Centenário, numa referência à fundação da Paraíba, em 1585.
Em suma, o Paraibano de 1985 tinha dois turnos classificatórios, cada um dividido em duas fases - que por sua vez era subdividida em outras etapas. Na primeira fase, os times se enfrentam dentro dos grupos, passando os três primeiros de cada para a segunda fase de cada turno.
A primeira confusão foi depois que o Campinense entrou na Justiça Comum contestando uma derrota para o Treze. Com o campeonato paralisado, os clubes propuseram que se iniciasse a primeira fase do segundo turno, para não se perder tempo, o que foi aceito pela FPF.
Já em outubro, com o segundo turno em curso, houve uma desavença entre Treze e Auto Esporte sobre o local da partida. O Galo foi para o Presidente Vargas; o Auto e toda a equipe de arbitragem, para o Amigão. O fato é que não houve jogo e, posteriormente, este foi remarcado para o PV. Aí o Auto Esporte entrou na justiça.
Durante a fase final do segundo turno, processos interromperam o seu andamento em novembro, até que se soubesse o resultado do caso do Auto Esporte. O caso correu até o fim de novembro, quando o Auto Esporte teve seu recurso indeferido. Em represália, abandonou o campeonato, e foi acompanhado por Botafogo-PB, Nacional de Patos e Santa Cruz.
Sem datas, sem clubes... A FPF optou pelo caminho mais fácil e encerrou a disputa sem um campeão. Botafogo-PB e Treze chegaram a pleitear o título na Justiça, o que não fora concedido a nenhum dos dois. Em tempo: o Belo era o time de melhor campanha de todo o campeonato (43 pontos), seguido do Treze (36 pontos).
2002 - Briga que se arrasta até hoje
E em 2002, num dos regulamentos mais confusos da história, o Atlético de Cajazeiras faturou o título. O Botafogo recorreu ao TJD e, posteriormente, ao STJD. A denúncia era de que o Trovão Azul tinha escalado um jogador irregular - o goleiro reserva Alonso. Apesar dos pereceres favoráveis, o Belo nunca teve o título oficializado pela Federação.
A competição foi tão extensa que seguiu durante a Copa do Mundo de 2002. A questão é que o Botafogo foi vice-campeão, mas depois do título acusou o Trovão Azul de ter inscrito em súmula de forma irregular o goleiro Alonso. A FPF, contudo, não reconheceu a decisão do TJD, nem do STJD. Oficialmente, a entidade diz que nunca recebeu tais decisões. E hoje em dia ninguém sabe nem mesmo onde aquele processo foi parar.
O campeonato em si teve uma fórmula confusa. Com Botafogo-PB e Treze disputando a Copa do Nordeste, outros 15 times jogaram a primeira fase que classificava outros quatro times para o Hexagonal Final - que de fato, era o que valia.
O Atlético-PB não gozava de muita simpatia dentro da FPF desde que decidiu não entrar em campo numa partida contra o Campinense, na semifinal da primeira fase - que, repito, não valia nada. Assim, o clube teve uma tabela bem desfavorável na fase final - começando com quatro jogos fora de casa e, no único que tinha o mando, acabara punido e tendo que jogar em Patos.
O problema - para a Federação - é que a tabela previa os jogos de volta. E aí, com quatro partidas no Perpetão, o Trovão Azul acabou somando mais pontos e sendo campeão. O detalhe é que na última rodada, já sem chances, o Campinense não compareceu ao Perpetão e acabou devolvendo o WO.
Na última rodada, o Botafogo-PB acabou vencendo o Treze por 2 a 1, em Campina Grande, e ficando em segundo lugar no Hexagonal Final. Depois disso, quando fora alertado sobre uma possível irregularidade no Atlético-PB, o Belo deu início à saga na Justiça Desportiva.
Sem o título reconhecido pela FPF até hoje, o Botafogo-PB repete o que faz o Campinense e também contabiliza uma conquista a mais em sua galeria de títulos estaduais.

Por Expedito Madruga 
Globoesporte.com
João Pessoa

Um comentário:

  1. Eu acho que o campeonato deste ano 2020 Atlético de Cajazeiras com todo direito em ter a ponta da tabela com 28 pontos séria o campeão.

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