Ainda criança, Aluísio Francisco da Luz saiu da cidade de Cabedelo e foi morar no Rio de Janeiro, então capital do país. De família humilde, logo cedo começou a trabalhar na cidade maravilhosa. Naquela época, o nordestino que queria mudar sua situação financeira tinha que se transferir para o eixo Rio-São Paulo.
O divertimento daquele menino era jogar bola nos campos da periferia da cidade, e logo surgiu o apelido de Índio, por causa de suas feições. Quando foi no ano de 1947, o nosso cabedelense iniciou a sua carreira profissional no Bangu Atlético Clube, no qual se destacou por ser um atacante veloz, esperto e goleador. Dois anos depois, o nosso artilheiro foi descoberto pelo Clube de Regatas Flamengo. No time rubro-negro jogou até o ano de 1957, participando de 202 jogos com o seu uniforme e escrevendo o seu nome como um dos grandes atacantes do mengo. Ele fez parte do elenco e foi um de seus artilheiros no festejado tricampeonato carioca nos anos de 1953 - 54 e 55.
As seguidas conquistas com a camisa do Flamengo tornou o seu futebol conhecido em todo o país. Do Flamengo para a seleção brasileira foi questão de tempo, Índio vestiu a camisa da então CBD por dez vezes, marcando cinco gols com o uniforme canarinho, participando da copa do mundo realizada na Suíça, em 1954, onde fomos desclassificados no tumultuado jogo contra o forte escrete da Hungria, que perdemos por quatro a dois. A glória do primeiro paraibano a integrar a seleção nacional veio nas eliminatórias da copa de 1958, quando marcou o gol do jogo contra a seleção do Peru, realizado na cidade de Lima, que terminou empatado e foi decisivo para a classificação da nossa seleção para a Suécia.
Índio, ao deixar o Flamengo, foi jogar no forte time do Corinthians Paulista, clube bastante privilegiado e de grande torcida, depois se transferiu para a Europa, onde disputou o campeonato Espanhol. Em 1965, o nosso craque pendurou as suas cobiçadas chuteiras vestindo a camisa do América do Rio de Janeiro. Já aposentado e morando na cidade que o projetou para o mundo, o nosso artilheiro trabalhou como instrutor em um projeto no Instituto Brasileiro de Assistência ao Futebol (IAFB), com sede no Bairro da Pavuna.
Segundo o jornalista e desportista Ivan Bezerra, Aluísio Francisco da Luz, o Índio, pode ser considerado o primeiro grande craque paraibano, pois jogou em grandes clubes do sul, como o Flamengo e o Corinthians, disputou eliminatórias e copa do mundo com a seleção brasileira e vestiu camisas de times da Europa.
Outros craques paraibanos surgiram e fizeram sucesso igual ou maior do que o nosso Índio, como Mazinho, estrela da cidade de Santa Rita, que também jogou no Rio de Janeiro e em São Paulo, na seleção brasileira e em grandes times da Europa. Este último disputou duas copas do mundo, a primeira como reserva, na segunda assumiu o lugar do craque Raí e sagrou-se campeão do mundo.
O que não se pode negar é que o grande artilheiro Índio, décimo maior artilheiro da equipe da Gávea, com 140 gols, foi o precursor, digamos o porta estandarte a anunciar, que o Rei Pelé teria Ferreira jogando ao seu lado, que Zico iria comemorar vários gols abraçado a Júnior, que Roberto Dinamite e Romário iriam agradecer as assistências de Mazinho e que o mundo iria conhecer o nosso incrível Hulk.
E quando foi agora no dia 19 de abril, coincidentemente a data em que se comemora o dia nacional do índio, Aluísio Francisco da Luz, aos 89 anos de idade, foi chamado ao encontro do Grande Arquiteto do Universo.
Para nós torcedores, cronistas e desportistas ficou a certeza de que Aluísio Francisco da Luz, o popular “Índio”, escreveu o seu nome com tintas douradas e perpétuas na brilhante história do futebol brasileiro.
* Extraído do livro "Causos & Lendas do Nosso Futebol."
Serpa Di Lorenzo
Historiador, Membro da ACEP e APBCE
falserpa@oi.com.br
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