Após drama familiar, promessa tenta recomeçar carreira no futebol da PB

Robinho tem 18 anos e já fez "estágios" nas categorias de base de Vitória e Cruzeiro. Mas quase encerrou carreira após ver os pais serem assassinados

Com nome de jogador famoso, o meia-atacante Robinho, de 18 anos, é um dos reforços do Auto Esporte para o Campeonato Paraibano do ano que vem. Trabalhando ao lado do técnico Denô Araújo, que o descobriu em 2004, o jogador tenta um recomeço para quem sabe em breve voltar a ter chances em grandes clubes do Brasil. No início da carreira, ele passou cerca de um ano nas categorias de base do Vitória e chegou a fazer testes no Cruzeiro, mas ficou sem rumo após perder o pai, a mãe e um primo envolvidos com a criminalidade no Coelhos, violento bairro do Recife.

Robinho durante amistoso do Auto Esporte contra selecionado de Pernambuco, em João Pessoa
(Foto: Lucas Barros / Globoesporte.com/pb)

O menino pernambucano tinha o sonho de ser um grande jogador profissional e ingressou em um projeto social no Recife aos 10 anos, que na época era coordenado pelo próprio Denô (que agora quer "bancar" seu recomeço no Auto Esporte). Robinho, no entanto, ficou abalado com o homicídio dos familiares e não conseguiu se firmar em nenhum clube. Precisou do apoio de uma assistente social e de psicólogos. Sempre que chegava a um grande clube, treinava, mas acabava indo embora cerca de um mês depois.

Denô Araújo é o atual treinador do Auto Esporte
(Foto: Lucas Barros / Globoesporte.com/pb)

- Fiquei apenas um mês no Cruzeiro. Minha mãe morreu, foi difícil, mas ainda estou de pé. A violência foi o fator principal. Perdi ainda meu pai e meu primo. Todos eles para a criminalidade. Mas estou firme e forte para ser um grande jogador - revelou Robinho.
De acordo com o técnico do Auto Esporte, Denô Araújo, Robinho é um jogador diferenciado e que apresenta um futebol de qualidade, mas os problemas fora de campo atrapalham a vida do atleta, que não conseguiu se firmar ainda em nenhum clube. Além de Cruzeiro e Vitória, ele ainda fez testes em Fluminense e Atlético-PR.
- A gente precisa abraçar e ser meio que um pai dele. Robinho andou por várias equipes. Mas ele não se firma por causa dos problemas que enfrentou. Precisamos estar com profissionais sempre o acompanhando psicologicamente - destacou o treinador.
Segundo Denô Araújo, o jogador é realmente diferenciado. Mas o técnico destaca que ao contrário de outros grandes nomes, que já mostraram um futebol de alto nível, o reforço do Auto Esporte ainda precisa evoluir.
- Ele é muito bom jogador. Diria até que guardando as devidas proporções lembra um Robinho ou um Neymar. Mas é evidente que não podemos adivinhar o que pode acontecer na carreira do atleta. As vezes os problemas familiares são muito fortes e você não consegue reagir. Mas se as coisas correrem normalmente, vai nos ajudar muito - apostou.

Robinho observa amistoso do Auto Esporte com o olheiro do Atlético-PR, Magno Moraes, que esteve em João Pessoa observando as novas promessas do futebol (Foto: Lucas Barros / Globoesporte.com/pb)

Robinho agradece a nova chance dada por Denô Araújo e diz que desta vez vai tentar se firmar no futebol. Mesmo que agora o caminho seja mais difícil, porque o Auto Esporte é um clube paraibano que, apesar de tradicional, está numa de suas piores crises da história.
- Sou meia-atacante. Fico mais livre. Denô pede para que eu sempre assista aos jogos de Neymar, Ganso e Robinho para que eu me inspire neles. E se ele fala, vou tentar cumprir. Fico feliz com isto - afirmou o jogador.
O Auto Esporte estreia no Campeonato Paraibano no dia 6 de janeiro, contra o Nacional de Patos. A partida será no Estádio José Cavalcanti, às 16h.

Fonte: Globoesporte.com/PB