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terça-feira, 26 de janeiro de 2021

O goleiro frustrado que virou artilheiro da Série A: Claudinho explode no Bragantino

Claudinho comemora gol do Bragantino (Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino)
– Sai do gol e vai jogar na linha! Você não vai ter tamanho para ser goleiro!
A fala de Lúcia Aparecida Rodrigues não agradou ao garoto, iniciante no futsal, mas foi acatada. Hoje, aos 23 anos, o meia-atacante do Red Bull Bragantino só agradece à mãe. Além de não ter realmente atingido a altura para ser goleiro (1,73m), é com os pés que ele tem se destacado.
Artilheiro do Brasileirão, com 16 gols, Claudinho entrou em campo nesta segunda-feira, para enfrentar o Corinthians e marcou seu 16º gol.
Criado em São Vicente, no litoral paulista, Claudinho desembarcou em 2015 no Corinthians após fazer toda a base no Santos. Tinha 18 anos e chegou a ser relacionado para jogos da campanha do título brasileiro. Teve poucas chances. Nunca mais voltou.
– Hoje em dia, escuto alguns comentários falando que eu não dei certo no Corinthians. Eu não tive oportunidade – relembrou Claudinho.
Depois de uma primeira passagem pelo Bragantino em 2016 e por Santo André, Ponte Preta, Red Bull Brasil e Oeste, a vida de Claudinho começou a virar em 2019, coincidentemente no momento em que o Bragantino recebeu a injeção de milhões da empresa austríaca de energéticos. O jogador foi o protagonista na campanha que levou o Massa Bruta ao título da Série B.
Após um período na reserva em 2020, Claudinho vive outro momento mágico. Autor de quatro gols nos últimos dois jogos, o meia está apenas um abaixo de Thiago Galhardo e Marinho, artilheiros do Brasileirão.
– Foi um ano para me consolidar um pouco. Eu me destaquei bastante na Série B e escutava muito comentário de que jogador da Série B chega na Série A e não faz nada, não vai conseguir render a mesma coisa. Acabei mostrando até um pouco mais (risos).
A renovação do contrato até 2024 veio diante da valorização e do assédio de outros clubes, do Brasil e do exterior. O valor multa rescisória não é revelado. Mas é muito maior do que o R$ 1,5 milhão pago ao Corinthians por 50% dos direitos (os outros 50% foram adquiridos da Ponte Preta por cerca de R$ 1 milhão).
Confira a entrevista exclusiva de Claudinho ao ge:
ge: Conte como foi seu início no futebol.
Claudinho: – Nasci em Guarulhos, mas fui criado em São Vicente. Minha família é formada pelos meus pais e tenho uma irmã. Comecei a jogar futebol com quatro anos. Um rapaz, dono de uma escolinha, me viu jogando na minha comunidade (Jóquei Clube, em São Vicente). Ele me levou para escolinha e logo teve um amistoso contra o Santos. Daí o pessoal me convidou para ir para o Santos.
– Comecei com cinco anos no futsal do Santos. Fiquei no futsal até meus 14 anos. Mas, com 11, migrei para o campo. Fiquei jogando campo e futsal. Depois, tinha que escolher, e fiquei só no campo.
ge: Você chegou a jogar no gol nesse início. Como foi essa história?
– Foi logo bem no começo, quando entrei no Santos. Teve um campeonato da categoria, e o goleiro foi expulso. Eu fui para o gol. Peguei gosto e queria ficar só no gol. Minha mãe falou para eu ir para linha, que eu não teria tamanho para ser goleiro. No começo, não gostei muito (da ideia de deixar o gol), mas aceitei. Acabou dando certo (risos).
ge: Como foi sua passagem pelo Santos?
– Foi um período muito importante. Minha adolescência passei ali. Tudo o que aprendi foi no Santos. Fiquei até os 18 anos. Joguei com o Thiago Maia, que hoje está no Flamengo, com o Robson Bambu, com o (Lucas) Veríssimo...
ge: Você se destacou no sub-17 do Santos, foi vice-artilheiro do Paulista. Por que não ficou lá?
– Eu estava em uma ascensão grande. No sub-17, me destaquei muito. Subi para o primeiro ano do sub-20, com uma visibilidade grande. Todo mundo olhava. Meu contrato estava acabando, e eu não queria sair. Mas entrou um diretor novo (preferiu não revelar o nome), não conhecia muito bem a minha história. Ele acabou fazendo uma proposta que não achei válida. Acabou desrespeitando um pouco a minha história.
ge: Ficou magoado com o Santos?
– Não com o Santos, mas um pouco com esse diretor. Ele tinha acabado de chegar, não foi procurar saber quem eu era, quem merecia ficar. Acabei ficando chateado. Mas Deus sabe o que faz, não era para acontecer.
ge: Sem essa renovação, você foi para o Corinthians. Como foi essa troca de clube?
– Eu tinha proposta do Corinthians e outras propostas. Não assinei de cara. Fiquei até dois dias desempregado, pensei que eles (Santos) mudariam de ideia. Mas, como não mudaram, aceitei a proposta do Corinthians. Eu sabia também que não estava fazendo a escolha errada. O Corinthians é um grande clube. Fui feliz lá. Logo no começo, subi para o profissional.
ge: Por que não emplacou no Corinthians? Faltou oportunidade?
– Acho que (faltou) oportunidade. Quando cheguei em 2015, subi para o profissional. Participei do elenco que foi campeão brasileiro, fui para alguns jogos. Em 2016, fiz a estreia no Paulista (contra o Linense). Joguei cinco, sete minutos. Fui bem, achei que teria mais oportunidades. Acabei não tendo. Hoje em dia, escuto alguns comentários falando que eu não dei certo no Corinthians. Mas eu não tive oportunidade.
ge: Você foi treinado pelo Tite no Corinthians. Como foi essa relação com ele?
– Muito boa. Só tenho que agradecer a ele. Só gratidão por ter vivenciado um dos momentos mais importantes. Ele me subiu para o profissional, me mostrou o que tinha que fazer para melhorar. Cara muito trabalhador, sem palavras. Não tenho o que falar dele. Um cara muito honesto. Só agradecer.
ge: Ficou magoado pela falta de oportunidades e ser emprestado para outros clubes?
– Não. Entendi tranquilo. É normal um atleta novo ser emprestado. Precisa ganhar um pouco de rodagem. Foi o que alegaram. Aceitei da melhor forma possível. Foram válidos esses empréstimos. Essas passagens pelos times me ajudaram. Eu não estaria vivendo o que estou vivendo hoje se não tivesse essas experiências. Foram passagens curtas nesses times, mas ganhei mais experiência. Só agradecer pelas oportunidades.
ge: Como vê esse novo reencontro com o Corinthians nesta segunda-feira?
– Vai ser um jogo muito importante para equipe, para mim. Já passei por lá, mas também não é nada de diferente. Temos que ir lá, com os nossos objetivos. Vai ser jogo difícil, o Corinthians é uma grande equipe.
ge: Por que você foi só emplacar no Bragantino, em 2019?
– Foi a palavra que falamos: oportunidade e confiança. Quando cheguei primeiramente no Red Bull Brasil, tive oportunidade, confiança de todos. O maior respaldo possível. Quando teve a junção com o Bragantino, foi da mesma forma. O carinho da torcida na Série B também deu mais moral.
ge: O ano de 2020 foi para amadurecimento? Você passou um período na reserva...
– Foi um ano de aprendizado. Esse tempo que passei na reserva foi de aprendizado. Foi um ano para me consolidar um pouco. Eu me destaquei bastante na Série B e escutava muito comentário de que jogador da Série B chega na Série A e não faz nada, não consegue render a mesma coisa. Acabei mostrando até um pouco mais (risos).
ge: Como avalia essa boa fase no Brasileirão e a briga pela artilharia?
– Estou muito feliz. Não era uma coisa que almejava (a artilharia). Na verdade, o que sempre quis foi ajudar a minha equipe da melhor forma possível, dando assistência, fazendo gols. Estou sendo muito feliz. Quem sabe aconteça essa artilharia.
ge: Agora que tem 15 gols, a artilharia virou um objetivo mesmo?
– De verdade, não é uma coisa que estou obcecado. Se for para acontecer, vai acontecer. Se for fazendo gol, dando assistência, não tem problema. O que quero de verdade é alcançar os objetivos da equipe. Ser artilheiro é consequência.
ge: Você tem seis gols de fora da área no Brasileirão. Costuma treinar bastante chutes de longa distância?
– Não vou falar para você que pego um dia e fico só chutando de fora. É claro que tem o treinamento de finalização, treino bastante para isso. Mas é uma coisa que sempre tive facilidade e acaba me ajudando. É uma característica minha mesmo.
ge: Como vê o futuro? Pensa em ir para Europa logo?
– De verdade, meu pensamento está no campeonato, no Red Bull Bragantino. O que tiver que acontecer, vai acontecer. Se for para sair daqui, tem que ser uma coisa para mim e para o clube. Enquanto isso, o pensamento é aqui.
ge: E o futuro do Bragantino? O time pode brigar por títulos em breve, como almeja?
– Com certeza. A estrutura que o clube nos dá, todo respaldo que nos dá, é incrível. Tenho certeza de que em um, dois, três anos no máximo, o clube vai estar brigando por títulos brasileiro, Sul-Americana e Libertadores. O clube merece.
ge: Como vê suas chances na seleção brasileira?
– Estou em um bom momento. Na seleção, quem é convocado sempre está nos melhores momentos. Estou ajudando bem. Se for acontecer, será um sonho realizado. Mas não fico com isso na cabeça, me iludindo muito.
ge: Quais são seus ídolos no futebol?
– Cresci vendo muito e gosto de futebol arte. Assistia muito ao Ronaldinho Gaúcho. Na época, tinha o Robinho também. Hoje em dia, quem acompanho bastante é o Neymar e Messi.
ge: O que gosta de fazer como hobby?
– Tento curtir minha família o máximo possível. Com essa vida que levamos, tempo na concentração, fico mais em casa. Gosto muito de música também. Escuto rap, trap, funk, pagode.
ge: Você tem o ritual de escutar alguma música antes dos jogos para se concentrar?
– Escuto bastante musica. Não tenho esse ritual. Mas são as mesmas musicas que escuto. Estou escutando uma agora de um parceiro meu. Eu sabia que ele iria estourar. A música não foi feita para mim, mas sinto como se fosse um pouco a minha história. A música se chama "Iluminado", do Kawe.

Por Danilo Sardinha 
Bragança Paulista, SP

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