Causos & Lendas do Nosso Futebol: IMORTAIS DA BOLA

Não é de hoje que tentamos driblar a mortalidade de nossos corpos e viver eternamente. Na literatura, em obras de ficção ou de caráter mitológico, há vários registros desse desejo do homem de prolongar a vida.    Além dos avanços da medicina, que aumentam cada vez mais o tempo e qualidade de vida, podemos notar também pesquisas na área de tecnologia que tentam traduzir essências de vida em projetos robóticos e cibernéticos, superando a limitação imposta pelo corpo.

Na tarde do dia 12 de março do ano de 2002, no CT do Santos Futebol Clube, vários peladeiros tarados por bola, tiveram a brilhante ideia de fundar a Associação Recreativa de Futebol Sub 100, entidade sem fins econômicos que congrega, reúne e coloca dentro de campo ex-atletas profissionais, amadores e desportistas de um modo geral. Não há limite de idade para esses descendentes de Matusalém.

O primeiro campo utilizado pelo Sub 100 foi justamente o do Santos de Tereré, depois passou a jogar no campo esportivo da Oceania, em seguida utilizou o Centro de Treinamento do Auto Esporte Clube, posteriormente foi para a Vila Olímpica Ivan Thomaz, esteve também no Wilsão e agora está na Vila Olímpica Ronaldo Marinho, o antigo campo do Dede. A ideia de Ivaldo, Reginaldo, Raimundo, Emilson, Coqueijo, Guilherme e outros que a memória não lembra foi sendo incorporada e materializada por atletas ao ponto de se redigir e registrar o estatuto, eleger uma diretoria, compor um hino, obter CNPJ, abrir conta bancária e sede administrativa localizada na Rua Manoel Medeiros Guedes, nº 12, sala 201, Manaíra, João Pessoa PB.

Com as cores verde, vermelha, amarela e preto, com uma tartaruga como símbolo da agremiação (esse réptil vive 100 anos) e tendo como norte futebol e diversão, a bandeira do Sub100 já tremulou nas cidades do Recife, Natal, Fortaleza, Maceió, Caruaru, Arcoverde, Pilar, Mamanguape, Rio Tinto, Itapororoca, Pitimbu e Bayeux realizando amistosos e obtendo excelentes resultados. Grandes jogadores do passado deram um passo para a imortalidade vestindo a camisa do Sub100, podemos citar China, Ferreira, Odon, Vavá, Marcos Silva, Regis Guru, Raimundo, Jorge Flávio, Ari, Biu Ferreti, Paulo Foba, Josias Paes, Hélio, Robson, João Carlos e tantos outros que quando jovens vestiram a camisa dos clubes profissionais da Paraíba. A relação também é grande daqueles que já partiram fisicamente e foram ao encontro de papai do céu, citaremos apenas Luciano e Betinho, pelo fato de ambos terem falecido dentro do gramado, o primeiro, no campo da Oceania, o segundo, no Wilsão.

Aliás, a agremiação prima pela saúde e o bem-estar de seus membros, requerendo sempre a apresentação prévia dos exames médicos dos atletas com cinquenta ou cem anos, não importando a idade. Como também na área assistencial, que funciona regularmente com distribuição de cestas básicas, fornecimento de apoio funeral, doação de medicamentos e até mesmo a contratação de cuidadora para os associados necessitados.

Atualmente presidida pelo sr. Reginaldo Soares de Barros, tendo uma eclética, participativa e coesa diretoria, a Associação Recreativa de Futebol Sub 100 almeja voos bem mais altos para o seu futuro, incluindo no seu planejamento a propriedade ou administração de um CT – Centro de Treinamento para as suas semanais peladas e jogos das suas três categorias: Sub 50, sub 70 e o sub 100.

Para nós torcedores, cronistas e desportistas paraibanos ficou a certeza de que a Associação Recreativa de Futebol Sub 100, “OS IMORTAIS”, escreveu o seu nome com tintas douradas e perpétuas na brilhante história do futebol paraibano.

Por Serpa Di Lorenzo

Historiador, Membro da ACEP e APBCE

falserpa@oi.com.br