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sábado, 13 de fevereiro de 2021

Como está o Bangu? Sem Castor, clube vive longe dos holofotes e com saudade do passado

Fachada do Estádio de Moça Bonita, sede do Bangu Atlético Clube — Foto: Reprodução / Globoplay
Castor de Andrade morreu em abril de 1997, vítima de um infarto fulminante enquanto jogava pôquer com amigos. Um dos bicheiros mais conhecidos do país, ele foi o homem por trás dos tempos áureos do Bangu Atlético Clube - que, desde sua morte, vive longe dos holofotes e com saudade do passado.
Castor de Andrade é o tema da série documental "Doutor Castor". Os quatro episódios já estão disponíveis no Globoplay. Esta é a última de quatro reportagens do ge sobre o bicheiro.
O Bangu de hoje segue à risca a cartilha dos times pequenos no Brasil, com dificuldades financeiras e dependência das cotas de televisão. A equipe continua na elite do Campeonato Carioca, embora tenha sido rebaixada em 2004, ano do centenário, e disputado a Série B por quatro temporadas. Este ano, o time vai jogar a Série D do Brasileirão.
São tempos absolutamente diferentes da época em que Castor despejava o dinheiro da contravenção no Bangu, que dessa forma disputava o título do estadual e chegou a ser vice-campeão brasileiro em 1985. Perdeu para o Coritiba, nos pênaltis.
- Hoje o Bangu é totalmente diferente, 100% diferente. Naquela época quem estava no Bangu não queria sair - palavras de Ado, atacante do Bangu nos anos 80 e atual técnico dos juniores do clube.
- Teve uma vez que eu fiquei de acertar com o Flamengo, lembro que conversei com o Márcio Braga para jogar o Brasileiro, mas chegando lá não aceitei. O Bangu me pagaria mais. Às vezes o Doutor Castor pagava dois, três meses de salário porque ele não sabia se tinha pago ou não (risos) - recorda Ado, antes de completar:
- Hoje o clube está numa dificuldade, mas as pessoas trabalham aqui com vontade, determinação e honestidade. O que é mais importante: tem que ser honesto, manter a palavra. Aqui às vezes a gente ouve: "Não tem, mas vou arrumar". Sou muito feliz por ter trabalhado no clube tanto na fase boa quanto na fase de hoje.
Vacas magras
O início do processo de decadência do Bangu se deu com Castor de Andrade ainda em vida. Em 1988, com o bicheiro começando a se afastar em função dos problemas com a Justiça e também para voltar suas atenções à Mocidade, o clube foi rebaixado para a Série B do Brasileiro - e desde então nunca mais voltou à Série A.
Torcedor fanático do Bangu, o historiador Carlos Molinari resume em entrevista ao documentário o sentimento de testemunhar a queda do clube do coração ao longo dos anos. Ao lamentar a perda do título de 1985, ele diz:
De lá para cá, tem sido raríssima a presença do clube alvirrubro no cenário nacional. O Bangu disputou a Série C em 1999, a Copa João Havelange em 2000 e duas vezes a Série D, em 2017 e 2020. Este ano, graças ao desempenho no estadual de 2020, a equipe comandada pelo técnico Marcelo Marelli vai disputar a Quarta Divisão novamente.
- Ainda não estamos pensando na Série D, o foco é realmente o Carioca. Expectativa de fazer uma boa campanha. O Bangu é um time de tradição, a gente espera manter essa tradição. Logicamente que não quero prometer nada, mas o objetivo é brigar por uma semifinal, tentar repetir o feito de 2019. Não vai ser fácil pelo nível do campeonato, mas tentaremos - disse o treinador.
A nível estadual, o Bangu continua entre os participantes da elite, mas passou por maus bocados no início do século. Em 2004, ano do seu centenário, o clube foi rebaixado para a Série B do Carioca - a queda foi decretada depois de goleada por 5 a 1 para um dos seus maiores rivais, o America. A equipe ficou quatro temporadas no segundo escalão do futebol do Rio até conseguir voltar à Série A em 2008.
Na elite, acostumou-se com campanhas de coadjuvante. Talvez as de mais destaque tenha sido a de 2015, quando foi vice-campeão da Taça Rio; e a de 2019, quando terminou a primeira fase do segundo turno em primeiro lugar, mas caiu para o Vasco nas semifinais.
O retrospecto contra os quatro grandes diz muito sobre a ruptura de épocas marcada pela morte de Castor. O Bangu dos anos 80 chegou a fazer 6 a 2 no Flamengo e 4 a 0 no Vasco, além de também ter vencido Fluminense e Botafogo algumas vezes. Mas, recentemente, tem levado sorte apenas em confrontos com a equipe vascaína - venceu em 2013, 2018 e 2019.
Quando foi a última vitória do Bangu sobre os quatro grandes?
Flamengo - 15/03/2002, 2 a 1 (Carioca)
Fluminense - 08/04/1998, 2 a 1 (Carioca)
Botafogo - 19/01/2003, 2 a 1 (Carioca)
Vasco - 23/03/2019, 2 a 1 (Carioca)
Saudade de Castor
Morto há 24 anos, Castor de Andrade é uma entidade em Bangu. Ainda é possível notar a presença do bicheiro em diversos pontos do bairro do subúrbio, seja pelos desenhos em forma de homenagem nos muros, na placa da rua que leva seu nome ou pelo castorzinho que continua estampado na entrada do Estádio de Moça Bonita.
Em Bangu, todo mundo tem uma história sobre Castor para contar.
- Como torcedor, eu sempre ficava na social do Bangu, em frente à bandinha. Era um jogo Bangu x Madureira, se não me engano. O Castor assistiu ao jogo com a gente, lá embaixo. Ele estava com o netinho dele e me falou: "Meu filho, toma conta dele e da lancheira dele que vou ali pegar uma água para ele" - conta Glauco Gomes, médico dos juniores que é torcedor fanático do clube.
- O Bangu jogando muito, eu na empolgação dei mole. Quando o Castor voltou, a lancheira do menino não estava mais lá. Ele disse: "Meu filho, eu não pedi para você tomar conta da lancheira?". Eu fiquei desesperado: "Ai, meu Deus, doutor Castor, me perdoa, você sabe do meu amor pelo Bangu". Expliquei que eu estava muito empolgado com o jogo e me distraí quando fui brigar com o juiz na grade. Ele ficou calmo. Daqui a pouco vem um garotinho com a lancheirinha e entrega a ele - recorda Glauco, que tinha entre 12 e 13 anos na época, antes de concluir:
Glauco, atualmente afastado dos afazeres do clube porque está na linha de frente do combate à Covid, conta que sente a presença de Castor de Andrade toda vez que pisa em Moça Bonita.
- Hoje o Bangu é um clube de mediano para baixo, que precisa investir numa base devido à falta de recurso. Aí eu vejo a falta que o nosso Castor faz para o Bangu. Toda vez que estou dentro daquele campo, que piso naquele gramado, eu penso assim: "Puxa vida, Doutor, tu podia ajudar aí do céu...". Essa bola tem que entrar (risos). Quando a gente faz um gol ou a bola do adversário não entra, eu penso: "O Castor está aqui". Ele faz muita falta. Tanto no bairro quando no clube.
Estrela daquele timaço do Bangu vice-campeão brasileiro, Ado diz que Castor "não tinha noção" da quantidade de dinheiro que dava aos jogadores. "Uma vez eu comprei um Monza só com o bônus que ganhei de uma partida", recorda o agora técnico dos juniores.
Será que o Bangu de hoje em dia paga "bicho" aos jogadores? Ado responde:
- Ah, isso aí não vai ter nunca mais, só se ressuscitar o Doutor. Aí o bicho sai (risos).

Por Tébaro Schmidt 
GE Rio de Janeiro

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