Depois da demonstração pública de insatisfação dos jogadores com os atrasos de salários, o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, comentou a situação e deu um panorama pessimista a curto prazo para conseguir equacionar as dívidas. De acordo com o mandatário, o clube deve o mês de fevereiro (direito de imagem e CLT) e a premiação da classificação para fase de grupos da Libertadores, mas não terá como pagar se continuar com 100% de sua receita bloqueada.
Assumpção afirmou que entende perfeitamente o ato dos jogadores, mas que não pode fazer qualquer tipo de promessa neste momento. Ele avisou que o problema em breve vai atingir também os outros funcionários do Alvinegro.
- Não vou chamar de greve, mas esse ato dos jogadores é legítimo. Nós entendemos perfeitamente isso. Não é que eu não queira pagar, não tenho como pagar porque 100% das minhas receitas estão bloqueadas. Como que eu pago? A realidade é essa. Não posso prometer nada. Os jogadores entendem, mas estão no direito deles. Hoje são os jogadores, mas daqui a 20 dias serão os aproximadamente 400 funcionários do Botafogo que estarão nesta situação. Não vão receber os seus salários. É uma situação que aconteceu no ano passado, mas tínhamos receitas liberadas. Este ano a situação é muito ruim. Não posso nem prometer que vão receber nem caso se classifiquem. A premiação entra na conta e é bloqueada na hora. É a penhora online.
De acordo com Maurício Assumpção, a "salvação" do Bota passa pela sua inclusão no Ato Trabalhista e no Proforte, programas de equacionamento de dívidas e que permitiriam ao clube ter novamente receita. Na quarta-feira, o mandatário tem mais uma viagem para Brasília para tratar do assunto e espera trazer na bagagem boas notícias.
Hoje
são os jogadores, mas daqui a 20 dias serão os aproximadamente 400
funcionários do Botafogo que estarão nesta situação"
Assumpção
Em reunião do Conselho Deliberativo na última terça-feira, Maurício Assumpção foi muito questionado sobre o aumento da dívida do Botafogo. O presidente tentou explicar os números e negou que o rombo alvinegro tenha passado de R$ 280 milhões para R$ 700 milhões em sua gestão.
- Tenho ouvido isso de forma leviana, o que não é verdade. Provei isso na reunião do Conselho, quando as contas foram aprovadas com mais de 70% das pessoas presentes. A dívida de R$ 280 milhões foi para R$ 370 milhões por causa de atualização monetária. O valor de R$ 700 milhões não é a dívida. Os R$ 235 milhões são obrigações contraídas que temos lastro para pagar. Então, a dívida na verdade é de aproximadamente R$ 496 milhões. A dívida de R$ 120 milhões é o que fizemos nestes cinco anos, mas também não é verdade porque pagamos R$ 96 milhões em dívidas.
Assumpção disse que não teme que este problema financeiro vá prejudicar o rendimento dos jogadores em campo, ainda mais diante da importância da partida contra o Unión Española, quarta-feira, no Maracanã, pela Libertadores. A presença da torcida, que deve comparecer em grande número, aumenta a confiança.
- O comprometimento deles é com a torcida, eles estão convocando para o jogo. Sabem o quanto isso é importante, o quanto precisamos dos torcedores. Temos batido recordes e recordes. Essa história de que a torcida do Botafogo não vai ao estádio acabou, temos levado mais gente do que clubes com torcidas mais numerosas. O comprometimento não é comigo, é com a nossa torcida, com o Botafogo. Por isso que eles são diferenciados.
Outro aspecto abordado pelo presidente foi a busca por reforços diante deste panorama de crise financeira. O clube tenta trazer, por exemplo, os atacantes Emerson Sheik e Fabrício Carvalho e o meia Vitinho. Assumpção garantiu que as tentativas vão continuar.
- A busca por reforços independe desta questão, ela tem mais a ver com o nosso orçamento do futebol. Se tudo que imaginamos que vai acontecer for rápido, o Proforte e o Ato trabalhista... No meio do ano temos jogadores com contrato terminando e que abrirá uma brecha no orçamento.
Treino de domingo cancelado
A paciência dos jogadores acabou depois que a diretoria prometeu quitar os salários antes do jogo desta quarta-feira, contra o Unión Española. No entanto, depois veio o comunicado que não há mais previsão para o pagamento. Em conversas internas, os jogadores sentem-se de certa forma abandonados pela diretoria, que estaria adotando discursos evasivos ao falar sobre o problema. Neste sábado, o grupo protestou antes de começar o treino. O elenco ficou dez minutos sentado antes de a atividade ser iniciada. No domingo, o elenco resolveu não treinar e a atividade foi cancelada.
Globoesporte.com
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